Na madrugada desta quarta-feira, os muros do Parque São Jorge, sede social e administrativa do Sport Club Corinthians Paulista, foram alvo de pichações que expressam o descontentamento de parte da torcida com a condução do presidente Augusto Melo. Frases como “Muito podcast e pouco futebol” e “Fora, Augusto Pinóquio” surgiram estampadas em diversos pontos da fachada, apontando falhas na transparência e na gestão financeira do clube.
O protesto ocorre num momento em que o Corinthians amarga resultados irregulares dentro de campo. Campeão paulista em abril, o time acabou eliminado ainda na fase de grupos da Copa Libertadores, ocupa o terceiro lugar do Grupo E na Sul-Americana e figura apenas em 12º lugar no Brasileirão, tendo sofrido um contundente 4 a 0 para o Flamengo no último domingo, no Maracanã.



Fora das quatro linhas, a crise se aprofunda com a recente reprovação das contas de 2024 pelo Conselho Deliberativo, que registrou 130 votos contrários, 73 favoráveis e seis abstenções. Antes disso, Conselho Fiscal e Conselho de Orientação (Cori) já haviam emitido pareceres unânimes contra o balanço apresentado, apontando adiantamentos de receitas sem comprovação documental e contratos sem garantias adequadas.
Segundo dados oficiais, o passivo do clube saltou de R$ 1,67 bilhão em 2023 para R$ 2,5 bilhões em 2024, um aumento de R$ 829 milhões que acende o alerta sobre a saúde financeira alvinegra.
Em nota oficial, a Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do Corinthians, se declarou “indignada com o envergonhamento público” e exigiu “clareza imediata sobre o destino de cada real arrecadado” no projeto da Arena do Corinthians, conhecido como “Doe Arena”. A organizada apontou que “o tempo de promessas não cumpridas e discursos vazios acabou”.
Procurada, a diretoria corintiana reafirmou compromisso com a transparência e informou que “trabalha para encaminhar ajustes contábeis e revisar contratos questionados”. Já o presidente Augusto Melo afirmou que “as críticas fazem parte do processo democrático do clube, mas não podem se sobrepor ao trabalho de reconstrução do Corinthians”.
Enquanto o ambiente político-institucional segue conflituoso, o Corinthians volta a campo nesta quarta contra o Novorizontino, pela Copa do Brasil, buscando uma reação que alivie a pressão – e até mesmo reverta o clima adverso que se formou nos muros de sua própria casa.