O Corinthians renova oficialmente com a Nike até o final de 2036, mantendo parceria que já dura 22 anos. A decisão veio após meses de negociação que também envolveu proposta da Adidas, mas aspectos financeiros e jurídicos fizeram o Timão optar pela continuidade.

Valores superiores garantem escolha
O novo acordo estabelece pagamento fixo de R$ 59 milhões anuais ao clube, valor que será corrigido anualmente pela inflação através do IPCA. Essa atualização monetária representa importante novidade em relação ao contrato anterior, garantindo maior proteção financeira ao longo dos dez anos de vigência.
A proposta da Adidas oferecia cerca de R$ 55 milhões por ano, dos quais apenas R$ 35 milhões representavam valor mínimo garantido em royalties, sem correção inflacionária. Essa diferença estrutural pesou significativamente na decisão final da diretoria alvinegra.
Com bonificações por vendas e prêmios variáveis, o contrato pode render até R$ 1,3 bilhão ao Corinthians até 2035. Contudo, a própria diretoria considera mais realista o faturamento de R$ 1,1 bilhão no período, valor ainda assim expressivo para as finanças do clube.
Produtos e distribuição melhorados
O acordo promete resolver antiga reclamação da Fiel Torcida: a escassez de produtos oficiais nas lojas. A Nike se comprometeu a pagar pelo menos R$ 38 milhões anuais em royalties, praticamente o dobro do contrato anterior, criando maior interesse comercial da marca em abastecer adequadamente o mercado.
A empresa também aumentou significativamente o volume de materiais destinados ao clube. Enquanto o contrato anterior previa R$ 4 milhões em produtos (frequentemente ultrapassado), o novo acordo permite solicitação de até 60 mil peças, representando investimento entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões.
Adicionalmente, a Nike aceitou reduzir sua participação nos lucros de produtos licenciados fabricados por terceiros, como chinelos e bonés, ampliando as receitas do Corinthians neste segmento.
Riscos jurídicos determinam decisão
O aspecto jurídico foi decisivo para manter a parceria com a Nike. A empresa americana havia acionado unilateralmente cláusula de renovação automática até 2029, criando potencial disputa judicial caso o Corinthians migrasse para a Adidas.
Embora o clube questionasse a validade dessa renovação automática – executada pela distribuidora Fisia e não diretamente pela Nike – temia penalização superior a R$ 100 milhões em eventual processo. A Adidas se recusou a assumir esses custos, tornando a mudança financeiramente arriscada.
“O clube já enfrenta momento delicado, com problemas financeiros e muitas disputas na Justiça”, conforme avaliação interna que considerou inadequado assumir novos riscos jurídicos neste momento.
Parceria estratégica consolidada
Desde 2003, a Nike trata o Corinthians como prioridade no mercado brasileiro, sendo atualmente o único clube da Série A vestido pela marca americana. A partir de 2026, Atlético-MG e Vasco também integrarão o portfólio da empresa.
O presidente interino Osmar Stabile conduziu as negociações finais reunindo diretores de marketing, financeiro e jurídico, além de membros do Conselho Deliberativo e Conselho de Orientação, garantindo decisão colegiada e tecnicamente fundamentada.
Com este novo contrato, o Corinthians posiciona-se entre os melhores acordos de material esportivo do país, equiparando-se ao patamar do Flamengo com a Adidas, consolidando importante fonte de receita para os próximos dez anos.